O Retorno do Falo — A Era de Príapo

Alessandro Bender
3 min readJan 7, 2019

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Vivemos na Era de Príapo

Se engana quem acha que a luta política no Brasil e no mundo é entre esquerda e direita. O que há é um evidente recuo do papel feminino e suas construções sociais simbólicas.

Gaia, Mãe Terra, feminina demais para ser salva

Comecemos pela Gaia, mãe Terra. As ações e o discurso conservacionista são evidentemente femininos. "Nossa Mãe", "Nossa Moradia" e todas as metáforas estão associadas ao acolhimento, ao útero primordial.

Precisaríamos preservar nossa mãe, salvar aquela que nos protege e abriga. E quem está interessado nesta frescura? Precisamos explorar esta terra, penetrar em seu solo e retirar aquilo que pudermos.

Índio bom é índio incluído na sociedade branca ocidental

E nossos primeiro habitantes, os indígenas brasileiros? Precisamos mesmo cuidar e preservar sua cultura, com um estado agindo de maneira maternal? Isto tudo é besteira. Enquanto ficarmos mimando esta gente eles não crescem. Precisam aprender a se virar, parar de mimimi como crianças frouxas.

O Estado fica criando um monte de facilidades e passando a mão na cabeça de todas as minorias, assim fica fácil. Os caras não crescem, ficam mamando nas tetas do governo e não adquirem autonomia. Precisam aprender a andar com os próprios pés.

Nossos novos governantes agem como aqueles pais que dão bronca na mãe achando que elas são muito moles com os filhos, que acabam ficando preguiçosos e não ajudam em casa. A referência familiar, de pais rígidos e mães excessivamente complacentes são evidentes nos modelos mentais dos atuais governantes.

Homens precisam proteger as mulheres de outros homens

O próprio conceito de família desenvolvido por boa parte dos políticos atuais não é heteronormativo, como poderia parecer à primeira vista. É um retorno do Homem da Casa, aquele que exige respeito e coloca mulher e filhos no seu devido lugar.

A homossexualidade é problema apenas quando se apresenta de maneira feminina. Não queremos que nossos garotos se tornem frágeis e ajam como menininhas. Queremos homens viris, mas não necessariamente héteros. Um dos deputados mais votados desta turma já fez filme pornô gay, mas tem cara de macho, barbudo e fala grosso. Fazer sexo com outros homens não é problema, o problema é ser feminino.

Tudo isto é um retrocesso?

Sim, não há nada de novo no que é apresentado. Não há uma "Nova Virilidade"ou "Valores Masculinos reinventados". É o bom e velho machismo voltando com tudo.

Sensibilidade, acolhimento, colo, tolerância, compreensão, gestar, cuidar, e tudo o mais que estiver associado com o elemento feminino estão fora da pauta.

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