[Sobre a Armadilha de Matar Polvo]

Alessandro Bender
1 min readApr 10, 2018

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Minha tia sempre conta que quando eu era bem pequeno tinha um plano para matar polvos. A ideia era oferecer um chiclete para o polvo. Como não ia conseguir mastigar (ora bolas, polvos não mascam chicletes) ele ia engolir o chiclete. Logo depois eu daria um osso bem pontudo para que ele comesse. E quando o osso chegasse no estômago dele, o chiclete ia funcionar como uma catapulta e lançar o osso pontudo na direção da cabeça dele. E o bicho morria.

Até hoje os polvos habitam minha imaginação. Tenho tentáculos desenhados por todas as partes, inclusive na minha pele. Pinto tentáculos e asteróides com freqüência. Para mim (aquele cara da armadilha) polvos e asteróides são praticamente a mesma coisa: Se desenrolar a linha que uso para desenhar um asteróide ela vira um tentáculo. E se fechar o círculo de uma linha de tentáculo ele vira asteróide.

Só posso agradecer que minha primeira armadilha para matar polvos não tenha funcionado como esperava. Hoje eles navegam pelas minhas veias, se apropriam de meus pensamentos,e fazem borbulhas dentro de meu estômago.

Devo ser um polvo muito esperto para ter conseguido escapar daquela engenhosa armadilha…

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Alessandro Bender

pesquisador do comportamento humano, tendências e arte